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Clara Schumann

Escrito por Eliana Monteiro da Silva - janeiro/2016

Clara Wieck Schumann (1819-1896)

Biografia

 
     Clara Josephine Wieck nasceu em Leipzig, no dia 13 de setembro de 1819. Filha da cantora Marianne Tromlitz e de Friedrich Wieck, renomado professor de piano, cresceu em meio às aulas de música e aos instrumentos comercializados por seus pais, na casa conhecida pela marca do Grande Lírio, na Praça do Mercado.

      Sua infância foi marcada por dois fatores cruciais: a separação dos pais, quando tinha quatro anos, e a chegada de seu futuro marido Robert Schumann, quando tinha onze. Ao divórcio dos pais Clara reagiu com o silêncio, não pronunciando uma só palavra até quase os cinco anos de idade. O amor de Robert, por sua vez, inspirou sua música. Clara foi uma das poucas compositoras do Período Romântico a ter obras publicadas e apreciadas pela crítica especializada.

        Aos onze anos deu-se o primeiro recital de piano solo na Gewandhauss de Leipzig, seguindo-se uma renomada carreira internacional que termina com sua morte aos 76 anos. Composições próprias sempre figuraram em seus programas de concerto, frutos das aulas de composição e orquestração com os mais conceituados mestres do século XIX.

       Clara conheceu Robert Schumann quando este veio estudar com seu pai, em 1830. Nove anos mais velho que a menina, o jovem encantou-a com sua criatividade e irreverência romântica. Resistente, o pai de Clara fez com que o casamento tivesse que superar um processo judicial que duraria quase 2 anos, ao final do que os enamorados se casaram em 1840.

       Esposa de Schumann, Clara passou a dividir seu tempo entre lecionar, compor, dar concertos e ocupar-se do cuidado e organização da família. Tiveram oito filhos. Robert trocava periodicamente de emprego, levando a família a mudar de cidade constantemente. Por trás da aparente dificuldade do mesmo em se adaptar às condições que lhe eram oferecidas, havia uma grave doença mental que atingiria o ápice em 1854: Robert se atira ao Reno e pede para ser internado em uma clínica em Endenich. Lá viria a falecer dois anos depois, deixando Clara viúva aos trinta e seis anos de idade e com sete filhos para criar. Um já havia morrido.

      Após todos estes acontecimentos Clara encerra a carreira de compositora para dedicar-se às turnês de concertos, que proporcionavam mais rendimentos para si e para a criação dos filhos. Dedica-se também, com a colaboração do amigo e confidente Johannes Brahms, a editar e publicar toda a obra de Robert Schumann. Clara também foi importante divulgadora da obra de Frédéric Chopin na Alemanha, além de fazer primeiras audições de obras de Félix Mendelssohn, Johannes Brahms e muitos outros. Como concertista respeitada que era, antecipou em muitos anos a aceitação de obras inovadoras, como foi o caso da Kreisleriana de Robert Schumann.

Composições

       As composições de Clara Schumann trazem, desde as primeiras peças, aspectos inovadores em relação à música ligeira e virtuosística que fazia sucesso na primeira metade do século XIX. Mesmo as mais simples são repletas de cromatismos, tem ritmos elaborados e acordes sem resoluções imediatas. Franz Liszt opinaria que  Clara tinha composições realmente notáveis, “especialmente para uma mulher”. O que representava um sincero elogio...

       A curta extensão da maioria de suas composições também estava em sintonia com o estilo do século XIX, como mostram seus romances, mazurcas, noturnos e polonaises. A concisão é típica do período romântico, já que a urgência e intensidade de expressão negavam ao artista a possibilidade de expandir-se em discursos longos e repetitivos.

       Vale também ressaltar a ousadia de seu Premier Concert pour le Piano-Forte Op. 7, onde Clara valoriza o timbre do violoncelo dedicando-lhe um solo no segundo movimento. A mudança de papel do piano, de instrumento solista a acompanhador, será imitada por Robert Schumann e por Johannes Brahms em futuros concertos para piano e orquestra.

Para conhecer sua obra

  • Clara Schumann – lieder e piano solo. Clarissa Cabral (mezzo-soprano) e Eliana Monteiro da Silva (piano). 1 CD - MCK Multimídia. AMZ 000081.

  • Clara Schumann: piano concerto / piano trio. Francesco Nicolosi (piano), Alma Mater Sinfonietta, Rodolfo Bonucci (violino), Andrea Noferini (cello). 1 CD - Naxos, 8.557.552

  • Clara Schumann: complete piano Works. Jozef  De Beenhouver (piano). 2 CDs - CPO.

  • Clara Schumann: compositora x mulher de compositor (livro). Eliana Monteiro da Silva. Editora Ficções, 2011.

Clara Wieck Schumann (1819-1896)

Biography

        Clara Josephine Wieck was born in Leipzig on September 13, 1819. Born child to singer Marianne Tromlitz and to Friedrich Wieck, renowned piano professor, she was raised among the piano lessons and the musical instruments trade her parents conducted in their house located at the city’s Market Square, known by its “Great Lilly” symbol.

        Her childhood was profoundly influenced by two main and crucial factors: the separation of her parents, when she was only four years old, and the arrival of her future husband, Robert Schumann, at the age of eleven. As a reaction to her parents divorce Clara fell into a state of silence, not saying a single word until she was almost five. The loving bond to Robert Schumann, on the other hand, deeply inspired her music. Clara was one of the very few female composers of the ‘Romantic Era’ to have her musical works published and distinguished by specialized critics.

        Clara was eleven years old when she gave her first piano solo concert at the Leipzig Gewandhaus. This event started a renowned international career that would endure until her death at the age of seventy six. Her concerts’ repertoire would always include her own original compositions, a result from her composition and orchestration classes attended with the most prominent musical masters of the XIX century.

        Clara and Robert Schumann met in 1830 when he came to Leipzig as a piano student of her father. Robert was nine years older than Clara and ended up enchanting her with his creativity and romantic irreverence. When Robert asked for Clara’s hand in marriage her father raised a strong opposition and required them to go through a two year judicial process until reaching the judge’s approval. They were finally married in 1840.

        As Schumann’s wife, Clara divided her whole time among piano teaching lessons, musical compositions, piano concerts and also her family organization and care. They had eight children. Robert periodically had to change jobs, a fact that required their family to be constantly moving from one city to another. Behind his apparent difficulty to adjust to regular professional conditions laid a severe mental illness that would peak in 1854, when Robert threw himself in the Rhine river. As a consequence he was admitted in an asylum in Endenich where he would live the last two years of his life. As his widow Clara raised alone their seven living children from that moment on.

        After these events Clara discontinued her composer career and concentrated in her piano concerts’ tours, a more profitable activity for her and her family’s living. She also decided to focus, with the collaboration of her friend and confident Johannes Brahms, in the editing and publishing of Robert Schumann’s entire musical catalogue. As a piano soloist Clara was also an important promoter of Frédéric Chopin’s musical pieces in Germany and performed the first auditions of compositions by Félix Mendelssohn, Johannes Brahms, among other composers. Furthermore, her bold taste in repertoire selection helped the early acceptance of innovative works such as the Kreisleriana by Robert Schumann.

Compositions

        The compositions by Clara Schumann brought, since her first pieces, innovative aspects when compared to the musica leggera and the virtuous music that were successful during the first half of the XIX century. By then even the most simple pieces were abundant in chromaticism, elaborated tempo and chords without immediate resolutions. Franz Liszt stated that Clara Schumann had really notable compositions, “specially considering she was a woman”. This represented a sincere compliment by this time when music was a male-dominated field.

        The fact that the majority of her compositions had short length was also in accordance with XIX century style, as her romances, mazurcas, noturnos and polonaises show. Concision is a typical condition of the ‘Romantic Era’ once the urgency and intensity of expression would deny to the artist the possibility to expand himself/herself in long and repetitive figures of speech.

        It is also worthwhile mentioning how bold was Clara’s Premier Concert pour le Piano-Forte Op. 7, where she gives relevance to the cello’s tone and promotes its solo in the second movement. This change in the piano role, from soloist to musical supporter, would be replicated by Robert Schumann and by Johannes Brahms in their subsequent concerts for piano and orchestra.

Clara Schumann’s works

  • Clara Schumann – lieder and piano solo. Clarissa Cabral (mezzo-soprano) and Eliana Monteiro da Silva (piano). 1 CD - MCK Multimídia. AMZ 000081.

  • Clara Schumann: piano concerto / piano trio. Francesco Nicolosi (piano), Alma Mater Sinfonietta, Rodolfo Bonucci (violino), Andrea Noferini (cello). 1 CD - Naxos, 8.557.552

  • Clara Schumann: complete piano Works. Jozef De Beenhouver (piano). 2 CDs - CPO.

  • Clara Schumann: “Compositora x Mulher de Compositor” (book). Eliana Monteiro da Silva. Editora Ficções, 2011.

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